“Jornada de Aprendizagem sobre Consumo Responsável”

Desde o inicio de Março de 2011, um grupo tem se reunido periodicamente no The Hub, na Rua Bela Cintra, em São Paulo, com objetivo de dialogar sobre hábitos de consumo responsável.
Participam membros, que atuam profissionalmente em diferentes negócios - Arlete Romeiro, Carlos Briggs, Denise Boschetti, Heloisa Bio, Mylene, Silvio Vieira, Zenaide Alves, entre outros, que expuseram seu ponto de vista sobre o desafio do consumo de produtos orgânicos e naturais na atualidade.

Começando a conversar sobre a causa que nos une:

O que significa ser um grupo com objetivo de consumo responsável?
Há diversidade cultural no grupo, mas um objetivo comum que é o consumo responsável.
O que queremos? Queremos agricultores para este grupo de compra coletiva?
Devemos ajudar as pessoas a mudar a forma de pensar através da informação?
Compra coletiva é diferente de ir ao supermercado, porque lá é uma compra individual?
Como é comprar coletivamente ao invés de individualmente?
Que valores costumam-se agregar em uma compra?
Precisamos de informações concretas para iniciar as ações?
O que é orgânico? Por que consumir Orgânicos?
“Como ter a liberdade de consumo a partir de uma inteligência criada na escolha de produtos?”
Carlos Briggs, após atuar na distribuição de orgânicos para lojas e restaurantes em Portugal por oito anos, comentou que o consumo destes produtos varia muito entre os países da Europa, como Portugal entre os que menos consomem.
Para Silvio, que distribui os itens do restaurante Sabor Natural no Brasil, apesar dos desafios para fixação dos orgânicos, o país tem importantes produções, como na região Sul e no Nordeste (frutas principalmente), e teve sua lei sobre o tema regulamentada em 2010. “Devido ao prazo para a certificação, muitos ficaram de fora, mas calcula-se haver cerca de 9 mil agricultores inseridos em seis certificadoras. Em São Paulo, por exemplo, a região de Ibiúna e de Mogi produz bastante. Apesar disso, o número é baixo”, apontou.
Milene, proprietária do restaurante vegetariano Apfel, ressaltou que há um movimento acontecendo na sociedade civil paralelo à tendência de esperar que os governos resolvam o problema.
Carlos lembrou o caso da cooperativa de consumidores de origem francesa BioCoop (http://www.biocoop.fr/), com mais de 300 lojas, que estabelece critérios éticos para a compra dos produtos que disponibiliza, buscando saber como os fornecedores se relacionam com empregados, estimulam o consumo de produtos regionais, entre outros. “Cada loja é quase um supermercado, com no mínimo 8 mil itens. Porém, cada país tem sua história. O Brasil possui grande quantidade de representantes da agricultura familiar, mas é preciso organização, comunicação, estruturação”, concluiu ele.
Para Célia Bio, professora de Yoga e consumidora de orgânicos, os problemas não são excludentes, mas podem ser tratados simultaneamente, conforme cada parte se une e produz novas ações.
Nesse sentido, Silvio enfatizou que “não podemos mudar o mundo, mas sim o que está ao nosso redor, onde se conversa com quem está próximo”.
Carlos ressaltou ainda o exemplo do banco Triodos Bank (http://www.triodos.com) cuja política é apoiar somente projetos com sustentabilidade, apoiando também uma política de redução de tributos para quem trabalha com a agricultura ecológica. O banco não investe na Bolsa de Valores. No Brasil, a agricultura familiar corresponde a 70% do total, mas ganha pouco devido à apropriação pelos intermediários da cadeia produtiva.
Nós cidadãos precisamos questionar o que “queremos”, e o que necessitamos, essa mudança de paradigma é possível a partir do conhecimento e dos problemas de saúde que o modelo de alimentação e consumo vem trazendo à sociedade e iniciar um movimento de consumo que tem a sustentabilidade como meta.
A necessidade individual de cada um é igual?
O que é Natural, Integral, Orgânico? Abordamos algumas questões sociais, quando se fala de Produto orgânico.
Para exemplificar a diferença nos processos sociais envolvendo a produção dos produtos orgânicos, conhecemos o trabalho efetuado pela Nature & More na Europa, empresa que tem como compromisso gerenciar, através de uma fundação, um trabalho voltado para habilitar os consumidores a tomar decisões de compra, informados sobre o perfil dos produtores. Mais informações estão no site www.natureandmore.com.
Indo nesta linha, da importância do conhecimento do perfil dos atores de uma comercialização, um dos integrantes do grupo, Carlos, citou a sua participação em reunião da ABD (Associação Biodinâmica-
http://www.biodinamica.org.br/) com agricultores da região de Parelheiros - SP. Foram abordados os aspectos da formação de uma célula de SPG (Sistema Participativo de Garantia –
http://www.prefiraorganicos.com.br/media/33369/cartilha_sistemas_participativos_de_garantia.pdf)
Conforme seu relato, um fato importante aconteceu após as constantes reuniões desse grupo de agricultores, a troca de experiências com o plantio e que por sua vez está aumentando o aprendizado de cada um e ajudando-os na conversão da agricultura convencional para a Orgânica.
Voltando o foco de nossa conversa para o tema do “Consumo Responsável”, foi citada a importância do aspecto econômico e social para a verdadeira sustentabilidade. Se estas questões fizerem parte de nossa decisão de escolha de produtos, será escolhido aquele que traga em seu processo um impacto social maior, quer seja pela presença maior de agricultores familiares ou pela participação de associações e cooperativas.
Os grandes atores de decisão do consumo somos nós cidadãos, porém atualmente, as decisões são manipuladas pela mídia que é sustentada pelas necessidades de grandes organizações.
A proposta do “consumo responsável” é uma mudança de paradigma que deve refletir-se em nossa forma de agir. Usando uma consciência coletiva nas práticas de compra e que traga em seu contexto uma nova forma de se consumir, comercializar e produzir. A idéia é sair do mero controle do produto e iniciar um processo de olhar para o contexto maior das ações e relações dos processos produtivos e comerciais.
Após a reflexão acima, falamos também que poderemos sair dos processos automáticos de controle indo para o “Vivenciar os processos de existência” na produção e comercialização. Como exemplo foi citado que deveremos valorizar não só as relações afetivas entre os atores destes processos, nessa conexão, produção -intermediação- consumo, como também as relações empregatícias, salários, registros em carteira, roupas adequadas ao trabalho, insumos agrícolas, qualidade do solo, conhecimento do agricultor, etc...
O desafio consiste em trazer esta forma de conhecimento e interação àqueles produtos que desejamos trazer para nosso consumo habitual. Estamos falando de uma prática de consumo, onde vários olhares podem averiguar participativamente e controlar esses processos e disseminar a informação para aglutinar-se com outras células, até tornar-se um grande organismo capaz de competir com processos de produção não orgânica.
Com essa atitude uma quebra de paradigma estará acontecendo, sairemos da forma passiva de agir e passaremos para a função de “Agentes”. Sairemos do “façam por mim” e migraremos para o “nós fazemos”. Mudaremos a postura de consumidores passivos e passaremos a ser cidadãos decisores do processo de produção e consumo sustentável.

Os significados:

da palavra Consumir:
destruir, gastar, enfraquecer, apagar, afligir-se. Mas também comungar, aplicar, empregar.

da palavra Responsavel:ser capaz de responder por nossas ações.

Vamos refletir, qual deles vamos escolher...

Nenhum comentário:

Postar um comentário